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belgian tripel

triplicando a satisfação de beber!

Origem:
Bélgica

Data:
1932

Famosa por unir a tradição milenar do líquido sagrado com a liberdade criativa dos cervejeiros, a Escola Belga tem grande participação no desenvolvimento e melhoria de técnicas e receitas de cervejas que nos proporcionam deliciosos momentos até hoje, sendo os mosteiros trapistas o palco de muitas dessas evoluções – e todos esses detalhes você pode conferir no curso da Belgian Dubbel!
Aproveitando o gancho da Dubbel, a sua “irmã” mais forte é a Belgian Tripel, um tipo de cerveja comercializado pela primeira vez há um tempo não tão distante: em 1932. E apesar de toda essa linha de brejas belgas estar muito ligada aos monastérios cervejeiros, pesquisas indicam que a primeira cervejaria a vendê-la foi uma marca laica (sem cunho religioso) chamada De Drie Linden, liderada pelas mãos de Hendrick Verlinden.
O rótulo foi batizado de Witkap Pater, que significa “trappistenbier” no idioma local ou “cerveja trapista” na tradução para o português. Não demorou muito e as abadias trapistas, ligadas à Ordem Trapista (que você também pode saber mais no curso da Belgian Dubbel), entraram na onda desse novo estilo, com destaque para a Westmalle com a sua Superbier, uma breja que acabou sendo modificada alguns anos depois e rebatizada como Tripel em 1956.

Triplo X

Assim como toda boa cerveja, a Tripel também possui seus mistérios quando o assunto é a origem do seu nome. Muito se fala sobre esse termo ter relação com a quantidade de vezes que o mesmo mosto era filtrado para que o líquido extraído dele seguisse para fermentação. Nessa lógica, o líquido da primeira filtragem, por carregar uma carga maior do residual dos insumos presentes na fervura, resultava em brejas mais potentes.
Contudo, a história mais aceita entre os estudiosos é que o termo Tripel está ligado à quantidade de malte com açúcares fermentáveis presentes na produção. Mais insumos, nesse caso, é sinônimo de uma cerveja mais densa e alcoólica. Mas por que usar um nome que possui o significado de “triplo”?

A resposta estaria numa tradição medieval, quando os cervejeiros e donos das tabernas marcavam os barris com cruzes ou pregas de metal para identificar com mais facilidade a intensidade das cervejas – uma prática eficiente para que a galera soubesse o que estava comprando e bebendo em uma época em que o analfabetismo imperava.
Assim, as brejas marcadas com X eram mais fracas. Aquelas com XX eram bebidas de corpo médio. E as XXX (sacou o “triplo” agora?) consequentemente eram brejas mais encorpadas e alcoólicas. Atualmente, a Tripel é um dos estilos de cerveja mais populares da Bélgica, com centenas de versões produzidas mundo afora, e uma de suas principais referências é a Westmalle Tripel, que é denominada pela cervejaria como a “mãe de todas as Tripels” (mas que também poderia ser a breja do Vin Diesel)!

Quando falamos de Tripel, temos que ter em mente que os protagonistas nela são o malte e a levedura. A qualidade e o tipo dos grãos escolhidos vão ser responsáveis pela coloração atraente que pode variar do dourado ao âmbar-claro, sempre intensa e brilhante, pela espuma densa e cremosa.
É o malte também que vai proporcionar um dulçor aparente, que remete a mel e cereais, mas sem exageros, e colaborar com o seu corpo médio – ou seja, ela é um pouco mais densa e licorosa que brejas mais leves.
A levedura entra nesse jogo para promover elevada carbonatação (principalmente quando o líquido sagrado passa por refermentação na garrafa), ajudando a tornar a bebida mais refrescante e fácil de beber. Mas o destaque desses fungos ficam por conta das notas condimentadas que proporcionam, remetendo a canela, pimenta, noz-moscada e cravo.

A combinação de lúpulos clássicos de grande variedade aromática fecha com chave de ouro, adicionando nessa mistureba toda, além do amargor sutil mas perceptível e prolongado, alguns toques cítricos, florais e frutados, dando um gostinho de laranja, limão, pêra e banana.
Pela história da sua criação e a origem do seu nome, já deu pra perceber que as Tripels possuem um teor alcoólico bem considerável, que geralmente fica entre 8% e 10% de ABV. Assim, a presença de álcool pode ser percebida no sabor, mas de maneira sutil. Não se preocupe, você não vai achar que está tomando um “rabo de galo”.
Nesse sentido, um dos mais respeitados pesquisadores sobre cerveja do mundo, o Garrett Oliver, fez uma ótima definição sobre este estilo, em seu livro O Guia Oxford da Cerveja: uma cerveja que, apesar do seu elevado grau alcoólico, permanece perigosamente palatável. Portanto, é bom ter cuidado pra não se empolgar com as Tripels!

COPO SUGERIDO:
Goblet e Cálice

TEMPERATURA IDEAL:
8 a 12°C

Embora carregue toda essa tradição da Escola Belga, da sua origem e desenvolvimento estarem ligados a mosteiros trapistas, e possua aromas e sabores complexos, como vimos agora pouco, a Tripel não demanda técnicas mirabolantes para ser servida e você se deleitar com esse líquido precioso – especialmente se estiver numa faixa de temperatura entre 8 ºC e 12 ºC para que todo o potencial de suas características sensoriais seja melhor explorado.
O único cuidado que você precisa ter é despejar o líquido com calma no copo. Isso porque esse estilo possui alta carbonatação, ou seja, “tacar” a breja no recipiente pode fazer com que ela gere muita espuma e transborde, e você com certeza não vai querer desperdiçar uma gota sequer! Fora isso, basta você:
Posicionar o copo na diagonal, formando um ângulo de aproximadamente 45º; Colocar o líquido até alcançar metade do copo; Reposicionar o copo na vertical; Terminar de preencher; Aproveitar sua breja!
A grande sacada para apreciar ao máximo qualquer cerveja, e com a Tripel isso faz muita diferença, é usar o copo ideal para ela. O modelo mais indicado para esse estilo é o Cálice – que também pode ser encontrado como Goblet –, um recipiente com formato que lembra uma tigela. Sua boca e corpo são bastante largos, mas possui estrutura relativamente baixa na maioria dos modelos.

Cálice

O propósito desse formato é, além de permitir goles bem generosos, poder sentir com mais facilidade todo o potencial aromático da breja enquanto você a bebe, já que seu nariz estará “dentro” do copo, e colaborar para que a espuma seja mais persistente. Outro ponto a ser destacado dos Cálices é o apelo estético, principalmente das versões mais requintadas.

Goblet

possuem as paredes de vidro, ou até cristal, mais espessas que outros modelos, e muitos deles têm em suas bordas pequenas faixas de ouro ou prata. Sem dúvida são peças de decoração elegantes e que ficam lindas sendo exibidas em cristaleiras.

Outro tipo de copo que você pode utilizar sem medo é o Tulipa, um modelo de estrutura arredondada, boca um pouco mais estreita que seu corpo e a borda possui leve curvatura para fora, oferecendo assim os mesmos benefícios que o Cálice: expandir os aromas e colaborar com a formação e persistência de espuma.

Queijo brie

massas com
molho de
pesto

frango assado com ervas

Apesar de ter potência alcoólica e oferecer aromas e sabores complexos e marcantes, uma boa Tripel é uma cerveja equilibrada e apresenta tudo isso de maneira sutil, sem nada em exagero ou muito agressivo. Por isso, ela é uma breja bastante versátil para a criação de harmonizações.
Por exemplo, as notas condimentadas oferecidas pelas leveduras belgas combinam muito bem com pratos bem temperados e picantes, já que essa característica potencializa os aromas e sabores de ambos os lados, tanto da comida quanto da bebida.
Por sua vez, os toques cítricos e frutados podem fazer belíssimos duetos com receitas que levam frutas, principalmente aquelas com limão ou laranja. Além disso, a presença do álcool e a alta carbonatação são eficientes para limpar o palato quando consumidos alimentos mais gordurosos e queijos moles de sabor intenso, reduzindo aquela sensação de “gordura” na boca.
Esse equilíbrio, variedade e sutileza das suas características também fazem com que a Tripel possa ser harmonizada com vegetais in natura, servindo literalmente como o tempero da comida, e proteínas mais leves, como frango e peixe. Confira a seguir algumas sugestões de pratos para potencializar sua experiência ao beber uma Tripel:
Queijo Brie;
Gratinado belga de endívia;
Aspargo, brócolis e couve-flor com molho holandês;
Frango frito picante;
Frango assado com ervas;
Massas com molho pesto (à base de ervas, azeite e nozes);
Risoto de abobrinha.

Belgian Tripel

Impressão Geral:
Uma Ale trapista um pouco condimentada, seca e forte, com um agradável sabor arredondado de malte e um amargor firme. Muito aromática, com notas condimentadas, frutadas e leve álcool que combinam com o limpo caráter sustentador do malte para produzir uma bebida com surpreendente drinkability, considerado o alto nível de álcool.
Aroma:
Complexo bouquet com um caráter condimentado moderado a significativo, ésteres frutados moderados e aromas baixos de álcool e de lúpulos. Generosamente condimentada, apimentada e às vezes com fenóis como de cravo. Os ésteres são uma reminiscência a frutas cítricas, como laranjas, mas pode, por vezes, ter um caráter suave de banana. Geralmente é encontrado um baixo mas distinto caráter de lúpulo floral, condimentado e, às vezes, perfumado. Os álcoois são suaves, picantes e de baixa intensidade. O caráter de malte é leve, com uma impressão suave e ligeiramente granulada-doce ou similar a mel. Os melhores exemplos têm uma interação contínua e harmoniosa entre o caráter da levedura, lúpulo, malte e álcool.
Aparência:
Cor amarela profunda ao dourado profundo. Boa transparência. Efervescente. Espuma branca, cremosa e compacta, de longa duração, que resulta num rendado belga característico na taça, à medida que a espuma abaixa e se esvai.
Sabor:
Casamento de sabores condimentados, frutados e álcool com o apoio de uma suave e bem arredondada impressão maltada de grãos doce, ocasionalmente, com uma nota de mel muito leve. Baixos a moderados fenóis apimentados no caráter. Os ésteres são uma reminiscência de frutas cítricas, como laranja ou, às vezes, limão, de baixa a moderada. Um baixo a moderado caráter de lúpulo picante é normal. Os álcoois são macios, picantes e de baixa intensidade. O amargor é geralmente de médio a alto com uma combinação de amargor de lúpulos e compostos fenólicos produzidos pelas leveduras. A carbonatação substancial e o amargor tendem a um final seco com um retrogosto moderadamente amargo e com um carácter substancial de levedura condimentado-frutado. O sabor granulado- doce do malte não implica nenhum dulçor residual.
Sensação de Boca:
Corpo médio-leve a médio, embora mais leve do que a gravidade substancial poderia sugerir. Altamente carbonatada. O teor de álcool é enganador e tem pouca ou nenhuma sensação óbvia de calor. Sempre efervescente.
Estatísticas Vitais:

OG: 1.075 – 1.085
FG: 1.008 – 1.014
IBUs: 20 – 40
SRM: 4.5 – 7
ABV: 7.5 – 9.5%