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Altbier

O velho também é bom!

Origem:
Nova York

Data:
1625

Düsseldorf, nome que para alguns pode remeter à alguma cidade da saga Harry Potter, está localizada na parte oeste da Alemanha e é famosa pela indústria da moda e pelo cenário artístico. Porém, ela também é conhecida como uma cidade cervejeira, e se tem cerveja, é claro, que tem história, certo?

Durante muitos anos, Düsseldorf foi conhecida como uma grande cidade mineradora, concentrando grande quantidade de trabalhadores que foram os maiores defensores do estilo Altbier, afinal essa era a breja favorita deles (mas não só deles), e é legal entendermos o porquê de tanta defesa em uma cerveja.

Meados do século XIX foi quando o estilo Lager deu o pontapé inicial para “conquistar” o mundo, mas nem todos aderiram à moda. Mesmo que a revolução das Lagers tenha apresentado grande força na Alemanha, as cidades de Düsseldorf, Münster e Hannover preferiram conservar a tradição da cerveja Ale (alta fermentação), e a Altbier foi um dos principais estilos desse movimento.

A construção do nome dessa categoria é objetiva e reflete muito desse apego à tradição. Alt, em alemão, significa “velho”, sendo um adjetivo muito usado pelos alemães. Contudo, Altbier não é um termo que significa cerveja velha na sua literalidade, mas faz referência à forma antiga de se fazer cerveja. Embora este estilo siga a “regra” de usar leveduras Ales, ele passa por um processo específico de maturação em baixas temperaturas, fazendo com que seu perfil seja mais leve, com sensação de refrescância e a cor límpida como as Lagers.

Dona de uma personalidade forte, própria e inconfundível, a “Alt”, ou melhor, a Altbier é definida como um dos raros estilos alemães de alta fermentação e muito semelhante a certas Ale encontradas na Bélgica e também na Inglaterra.

A rivalidade: Altbier x Kölcsh

Em meio a tantos séculos de produção e desenvolvimento, não é incomum que alguns estilos de cerveja acabem formando disputas políticas, por consumidores ou por status, e a Altbier é uma dessas categorias.. A “guerra” começa entre duas cidades localizadas ao norte da Alemanha, mas separadas pelo rio Reno, cada uma criando sua própria breja: Altbier de Düsseldorf e Kölsch de Côlonia.

Esses dois estilos “fogem” um pouco daquilo que conhecemos como tradição alemã, porque ambos são de alta fermentação. Mas essa é a única semelhança entre essas duas cervas, e as diferenças começam com a comparação das características sensoriais: a coloração da Kölsch é um amarelo-palha, a espuma é persistente, refrescante, leve e é permitido adicionar malte de trigo; já a Altbier tem uma cor mais escura, indo do cobre ao marrom e a carga de lúpulo é alta.

Outra diferença que potencializou e “eternizou” essa rivalidade secular, foi a conquista financeira e a força política de Düsseldorf, fazendo com que ela se transformasse em cidade independente, deixando de lado a dependência que tinha de Colônia. Então lembre-se, quando for a Colônia não peça uma Altbier ou uma Kölsch em Düsseldorf, porque pode ser que alguns garçons torçam o nariz para você!

refrescante e popular

A Altbier possui um excelente equilíbrio entre o lúpulo e o malte. Os maltes escuros trazem a coloração da cerveja que pode variar do cobre ao marrom-ferrugem, proporcionando ainda a espuma firme, persistente e de cor bege escuro. O aroma remete a um leve frutado, com notas “abiscoitadas” e lupuladas.

No paladar é possível encontrar toques condimentados, florais ou até mesmo levemente picantes, mas tudo muito bem balanceado, sem que nenhum deles ofusque a presença dos demais. A sensação de boca é marcada ainda por corpo médio e de final seco, ou seja, é uma cerveja que tem uma densidade intermediária, mas que ainda pode ser considerada uma bebida “leve”, e que vai dar aquela secada na boca após terminar o gole, já implorando pelo próximo.

A fermentação é feita em altas temperaturas, mas a maturação pode durar várias semanas em temperaturas baixas. Esse método ajuda a produzir uma cerveja mais suave, mesmo com o lúpulo marcante. As Altbiers são marcantes e relativamente leves, com um teor alcoólico que geralmente fica nos 5% ou um pouco abaixo dessa porcentagem.

COPO SUGERIDO:
Cilíndrico e ISO

TEMPERATURA IDEAL:
De 2 a 4°C

democrática ao paladar

Se você pretende ir à Alemanha, precisamente à Düsseldorf, vale a pena fazer um tour nos quatro principais brewpubs da cidade: Zum Schüssel, Im Füchschen, Ferdinand Schumacher e Zum Uerige. Todos eles produzem ótimas versões da Alt, mas se a preferência for para tomar uma cerva premiada, vale ir ao famoso Zum Uerige. Além da breja premiada, você irá notar o quanto os moradores de Düsseldorf são fiéis às suas Altbiers.

Cilíndrico

Esse estilo geralmente é servido em um tipo de copo específico, tendo formato cilíndrico curto. Sua capacidade é de aproximadamente 300 mL e a boca é estreita para facilitar a concentração dos aromas e potencializar a formação de espuma. Esse modelo é conhecido como Stange ou Cilíndrico, assim como sua aparência.

ISO

Uma outra alternativa para se deliciar com uma bela Albier é usar a taça ISO, um modelo “coringa” que pode ser usado para qualquer estilo de cerveja. Geralmente, ela apresenta corpo arredondado, curto e “reto”, pensado para liberar os aromas de maneira controlada e realçar a aparência da bebida.

Após escolher o copo que irá servir a cerveja, o próximo passo é verificar a limpeza do mesmo e ficar atento à temperatura da cerveja, afinal, nem toda breja deve ser servida muito gelada ou “muito” quente. No caso da Alt, a temperatura ideal que ela deverá ser servida é entre 5 a 8 °C.
Depois de tudo organizado e conferido, a hora boa chegou, que é servir a cerveja. Para correr tudo bem durante o processo, você precisa:
   1. Inclinar o copo em um ângulo de 45° (deixá-lo na diagonal), fazendo isso você perceberá que o líquido desce suavemente pela lateral e consequentemente a turbulência diminui, dispensando qualquer formação inadequada de espuma e, com isso, evitando a volatização dos aromas e garantindo a carbonatação adequada.
   2. Quando o copo estiver próximo de dois terços preenchidos, volte-o lentamente à posição normal e despeje o restante da bebida ao centro do copo até que ele esteja totalmente reto e assim formará uma espuma de aproximadamente 1 a 2 cm, o famoso “colarinho”.
   3. Pronto, agora é só você aproveitar sua breja!

Batata frita

Amendoim

Camarão

Harmonização

Por se tratar de uma cerveja que atinge todos os públicos é possível apostar em diversas harmonizações: das mais simples às mais elaboradas. O importante é harmonizar! Os princípios básicos definidos como regras foram feitos para serem quebrados, porque na verdade elas existem para termos uma base e entendermos sua importância, porém nada impede de criar uma combinação própria ao harmonizar.

Alimentos e cervejas ingeridos separadamente podem ser prazerosos, mas nada melhor do que uní-los e trazer um resultado melhor para seu paladar. Portanto, ao iniciar a combinação desses dois elementos esteja ciente de qual diretriz irá seguir: Equilíbrio de forças ou contraste.

   1. Contraste: para apostar no contraste é importante levar em consideração os elementos que podem contrastar entre si. Por exemplo, se você optar por uma cerveja com um perfil mais maltado e adocicado, ela irá harmonizar muito bem com um prato salgado. Já os alimentos que contém umami casam bem com as brejas que possuem certa caramelização. Fique sempre atento, porque o sabor de um não pode superar o do outro.

   2. Semelhança: o alimento e as características da cerveja devem ter um equilíbrio de forças, ou seja, se você optar por uma cerveja leve, os pratos também devem ser leves, por exemplo: carnes brancas e saladas. Caso opte por uma comida mais intensa, como a feijoada, o ideal é usar cervejas encorpadas e potentes.

Seguindo para prática, o perfil lupulado da Altbier une-se com a riqueza da comida local de Düsseldorf que é centrada em diferentes partes do porco. Contudo, o estilo também pode ser muito bem aproveitado em outras culinárias, pois seu amargor perceptível, sua base maltada e os sabores de frutas pronunciados encaixam muito bem com uma ampla variedade de pratos.

As harmonizações podem acolher as mais diversas diretrizes, porém se você optar em seguir a combinação da cerveja com o caráter maltado vale apostar em pratos como:
Frango assado e atum grelhado, onde o tostado dessas duas proteínas equilibram-se com o caramelizado do malte.
A lupulagem da Altbier é perfeita com molhos e caldos de carne, mas vale também apostar em pratos como filé de peixe ao molho branco, burritos, quesadillas e com bolinhos apimentados de caranguejo.
A Altbier é um estilo versátil e isso significa que há um leque de opções para harmonizar. Sem contar que, isso ajuda e muito, quando você quer comer algo prático e rápido como embutidos ou um hambúrguer cheio de acompanhamentos.
O fato dessa cerveja ser maltada e condimentada a faz perfeita para acompanhar um cassoulet (feijoada francesa), sem contar que os sabores dos lúpulos atravessam a densidade do feijão.

Altbier

Impressão Geral: Uma cerveja alemã bem balanceada, bem atenuada, amarga, mas todavia maltada, limpa e suave, de cor âmbar a acobreada. O amargor é equilibrado pela riqueza de malte, mas a intensidade de malte e seu caráter podem variar de moderados a altos (o amargor é incrementado proporcionalmente à intensidade de malte).

Aroma: Limpo, mas ainda robusto e complexo, com intensas notas de malte granulado e lúpulo condimentado, com moderadas notas (de baixas a médio-baixas) de ésteres frutados. O caráter de malte reflete as variedades da base de maltes alemães, com notas mais destacadas de casca de pão tostado, pão recém-saído do forno, assim como de nozes. O aroma de lúpulo pode variar de moderado a baixo e pode ter um caráter condimentado, apimentado e picante, floral, ervas ou perfumado associado com lúpulo da varietal Saaz.

Aparência: A cor varia de âmbar claro a cobre profundo, a um passo de marrom; laranja-bronze é mais comum. Cristalina e brilhante. Espuma marfim, espessa, cremosa e de longa duração.

Sabor: Assertivo amargor do lúpulo bem equilibrado por um caráter de malte intenso, mas limpo e nítido. A presença de malte é moderado por uma atenuação média-alta a alta, mas consideravelmente rico, complexa e com alguns sabores de grãos de malte que podem permanecer na boca. Alguns ésteres frutados (especialmente cereja) podem sobreviver ao período de acondicionamento em baixas temperaturas (lagering). Um final de longa duração, semi-seco a seco, agridoce ou como a noz, refletindo tanto o amargor do lúpulo como a complexidade do malte. Sabor de lúpulo condimentado, picante, apimentado e floral, que pode ser moderado a baixo. Sem sabores de maltes tostados ou asperezas de torrados ou lúpulo. O nível aparente de amargor às vezes é mascarado pelo caráter de malte; o amargor pode parecer de baixo a moderado se o final não for muito seco. Leve nota sulfurosa ou de carácter mineral é opcional.

Sensação de Boca: Corpo médio. Textura macia, suave. Carbonatação média a média-alta, embora possa ser menor quando servida no tap (barril). Adstringência de baixa a nenhuma. Apesar de ser muito saborosa, é de corpo leve, o suficiente para ser consumida como uma cerveja session (de sessão) servida por gravidade em brewpubs de Düsseldorf.

Estatística Vital:
OG: 1044-1052
FG: 1008-1014
SRM: 11-17
IBU: 25-50
ABV: 4,3-5,5%