Cervejaria Dogma: Entrevista Perfil Cervejeiro 2#
Vamos para a segunda edição das entrevistas do Perfil Cervejeiro, que dessa vez entrevista Bruno Brito, sócio da Cervejaria Dogma.
Trouxemos dessa vez, para a série de entrevistas Perfil Cervejeiro, a Cervejaria Dogma, a fim de entender melhor o mundo das cervejas artesanais e como estas funcionam. A Dogma é uma marca sinônimo de qualidade quando quando o assunto é cervejarias brasileiras,além de ser conhecida pelos seus rótulos únicos e cheios de personalidade, com diversos estilos e ingredientes de altíssima qualidade.
As latinhas da Cervejaria Dogma também se destacam entre a concorrência, trazendo imagens vivas e artes exclusivas para acompanhar suas cervejas únicas, seja pela sua quantidade de lúpulo, estilo diferenciado ou adjunto que acompanha o sabor especial dessas cervejas.
Conversamos com o Bruno Brito, sócio-fundador da Cervejaria Dogma, que nos conta toda a trajetória e objetivos da marca.
O nascimento da cervejaria Dogma
A Cervejaria Dogma surgiu da junção do trabalho de três amigos cervejeiros em 2015, mas a empresa teve início em 2014. No começo da operação, trabalhavam como uma cooperativa, cada sócio tinha sua marca e se uniram para financiar coletivamente as produções.
“Depois de um ano nesse modelo percebemos que dessa forma não estávamos conseguindo ter foco nas ações de fortalecimento de marca, trazendo um verdadeiro foco para as três marcas e por isso decidimos unir as três cervejarias e criamos a Dogma”, completa Bruno Brito, sócio-fundador da Dogma.
A cervejaria foi eleita pelo RateBeer a melhor cervejaria brasileira em 2015 - ano do seu lançamento -, 2017 e 2018 e ainda ganhou o prêmio de melhor Chope da Casa pela revista Veja em 2019. “O que nos motivou, lá atrás em 2014, sempre foi trazer para os consumidores produtos inovadores e com intensidade de sabor e aroma, coisa que na época ainda era raro no mercado nacional”, comenta Bruno.
Qualidade, variedade, inovação e experiência
A Cervejaria Dogma hoje tem como principal objetivo manter a qualidade e capacidade de inovação dentro do mercado, mas agora com a preocupação de expandir a marca também para o público que ainda não conhece cerveja artesanal. Além disso, através dos dos seus bares a marca oferece uma experiência completa para o consumidor, onde ele tem acesso a uma seleção grande de cervejas da marca, além de atendimento com foco na cerveja artesanal com funcionários treinados para explicar e ampliar a visão de cerveja do consumidor.
“Não dá pra negar que nosso principal foco são as IPAs, que em diferentes variações ocupam cerca de 70% da nossa produção, mas para atingir o objetivo de ampliar o perfil de consumidores da marca estamos produzindo estilos clássicos como ales inglesas e belgas e também Lagers. Hoje acredito que nosso principal diferencial é a capacidade de se atualizar e propor novos parâmetros para o mercado. Estivemos diretamente envolvidos com as duas principais mudanças recentes do mercado de cerveja artesanal atual, as IPAs em lata e a disseminação dos brewpubs e estamos sempre estudando como trazer novos produtos e experiências para os nossos clientes”, comenta Bruno.
Principais Rótulos da Cervejaria Dogma
A Cervejaria Dogma conta com um vasto portfólio, então perguntamos ao Bruno quais são as três principais cervejas da marca. Olha a resposta
Rizoma
“A Rizoma com certeza é a responsável por toda a construção e sucesso que tivemos até aqui. Foi a primeira DIPA que fizemos, quando o objetivo era somente produzir a melhor cerveja possível sem se prender ao custo final do produto.
Inicialmente, pensamos que seria uma cerveja de poucos lotes produzidos, mais um produto de marketing e expressão de marca do que um sucesso comercial, mas pra nossa surpresa, em 48h não tinha mais Rizoma disponível nos pontos de venda após o lançamento e desde então segue sendo a nossa cerveja mais esperada e desejada. Feita com Citra e Mosaic, em uma base limpa e seca, mas de amargor médio, a Rizoma tem a capacidade de agradar tanto os amantes das American IPAs clássicas quanto das Hazy IPAs. Fácil de beber, frutada, cítrica e intensa."
Hop Lover
"Já a Hop Lover é nossa primeira Double IPA, em todos os sentidos, foi a primeira Double IPA que produzi em casa e a primeira lançada pela Dogma. Diferente da Rizoma que tem sua receita inalterada desde o lançamento, a Hop Lover está em frequente evolução, mas sempre com o objetivo de ser uma legítima West Coast Double IPA: resinosa, cítrica, frutada e amarga."
Citra Lover
"A Citra Lover deu origem a nossa série mais longa e conhecida de cervejas, a Série Lover, que é uma série de Hazy DIPAs single hop. Muito frutada, de corpo aveludado e baixo amargor é provavelmente a principal Hazy DIPA do nosso portfólio"
Entrevista na íntegra com Bruno Moreno de Brito, da Cervejaria Dogma
Como e quando entrou para o mercado cervejeiro?
Meu interesse por cerveja começou na adolescência, experimentando cervejas de trigo com meu pai. Meu presente de 18 anos foi uma caixa de Weihenstephaner e daí pra frente começou minha relação com a cerveja. Depois de poder começar a beber fui me interessando cada vez mais pelos diferentes estilos e fiz um curso de cerveja caseira e comecei as produções. No mercado mesmo entrei com o início da nossa empresa em 2014.
Qual ou quais são as marcas de cervejas que te inspiraram e inspiram ainda hoje e por que?
Com certeza a Stone foi a principal inspiração no posicionamento da marca, mas em relação ao produto final são a Alpine, por causa das West Coasts IPAs, e a Hill Farmstead, por fazer todas as cervejas de forma impecável.
Com pouco tempo de vida vocês foram escolhidos como a melhor cervejaria do Brasil através do site Rate Beer. O que isso significou para vocês e o que mudou no dia a dia da cervejaria?
Ganhar esse prêmio com seis meses de trabalho na Dogma foi um sinal de que estávamos no caminho certo, em relação a mudanças no dia a dia acho que trouxe a credibilidade que precisávamos para dar os próximos passos que culminaram no lançamento da Rizoma.
Como é o processo de criação de uma nova receita até ela chegar ao copo do consumidor?
Isso depende muito da cerveja. Uma IPA ou Sour, que são nossos carros chefes e temos muita experiência na produção, surge com uma idéia de objetivo final e a partir daí buscamos os ingredientes que irão nos guiar para atingir esse objetivo, tornando o processo bem dinâmico. Já estilos que não temos experiência na produção necessitam de mais estudo e referências para produzir e partir daí vamos solidificando o objetivo final e buscando a técnica e ingredientes necessários para atingi-lo.
Como você vê a atualidade do mercado cervejeiro no Brasil?
O mercado brasileiro evoluiu muito nos últimos cinco anos, diversas cervejarias produzem cervejas espetaculares. Sendo muito sincero, na minha opinião o Brasil é o segundo melhor lugar do mundo pra se tomar cerveja, perdendo somente pros EUA que por ter um mercado gigante e uma renda média maior permite um desenvolvimento mais amplo com mais investimento tecnológico.
Óbvio que se você quer tomar uma Weiss o melhor lugar do mundo é Munique, ou uma Pilsen, Praga, mas se for variedade e inovação acho que só perdemos para os norte-americanos. Mas como todo mercado jovem a expansão da oferta é inconsistente com muita gente perdida fazendo produtos ruins porque decidiram investir em algo que pouco conhecem e está na moda, mas isso é uma questão de maturação do mercado para ser ajustado.
E por fim, quais as novidades para este ano? Pode adiantar alguma para nós?
Bom, aqui tem pelo menos cinco lançamentos por mês então a novidade não falta (risos). Nosso foco continua sendo nas IPAs e principalmente em novas variedades de lúpulos e hop products que permitam trazer novas experiências para os consumidores. Ao longo de 2022 fomos construindo uma identidade em algumas IPAs muito focada em equilíbrio, drinkability e intensidade de aroma e sabor, então provavelmente vocês verão muitas IPAs nossas baseadas nesse tripé.
Fotos:Luiz Sontachi
Entrevista Perfil Cervejeiro: FrohenFeld Craft Brewing
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