Cervejaria Achel é vendida: menos uma trapista vira parte de grupos privados

A cerveja Achel, uma trapista classica, foi vendida para um grupo privado. Conheça todas as mudanças que essa venda trará para a cerveja de abadia.

Cervejaria Achel é vendida: menos uma trapista vira parte de grupos privados
Há pouco mais de dois anos a cervejaria Achel, produzida da Abadia de São Bento de Hamont-Achel e também conhecida como Achelse Kluis, perdeu o selo trapista que era estampado em todas as cervejas produzidas por eles: Achel 8º Blond, Achel 8º Bruin, Achel Extra Bruin e Achel Blond Extra. Para manter o selo trapista, o produto em questão – no caso, a cerveja – deve ser produzido dentro das instalações de um mosteiro da Ordem dos Cistercienses da Estrita Observância, produzido e/ou supervisionado pelos monges e todo o lucro das vendas deve ser destinado ao sustento da abadia ou à caridade.

A cervejaria perde seu selo

Selo Trapista Em janeiro de 2021, em função da mudança de dois monges de Achel para a Abadia de Westmalle, o processo de fermentação deixou de ser monitorado pelos monges, culminando na perda do selo. Contudo, ainda havia esperanças do selo ser retomado em algum momento futuro, com o retorno da supervisão do processo fermentativo da cerveja pelos monges. Entretanto, em fevereiro passado foi concluída a venda da Abadia para o Tormans Group, uma empresa belga de engenharia. Apesar da companhia garantir a intenção de manter todas as atividades atualmente existentes no mosteiro – o que inclui as delícias engarrafadas –, o retorno do selo trapista não será viável, visto que as instalações não mais pertencem a um mosteiro da ordem trapista. A ótima notícia é que a empresa compradora da Achel pretende explorar o potencial turístico da abadia e ampliar a capacidade de produção atual de 5 mil hectolitros (equivalente a 500.000 litros) para 40 mil hectolitros até 2030. Além disso, prometem manter as receitas (amém!) e construir um restaurante para atender os turistas. Atualmente, o espaço contava com uma lanchonete não muito convidativa com pouca estrutura para atendimento do público geral.

Qual o peso do selo Trapista?

Embora o selo trapista traga todo um romantismo, a Achel sempre foi uma cerveja que dificilmente se encontrava em terras tupiniquins. Diferente das cervejas das outras abadias que comumente temos acesso por aqui (Rochefort, La Trappe, Westmalle, Chimay e Orval), a Achel sempre foi raridade no Brasil. Normalmente a injeção de capital de grandes grupos em cervejarias pequenas acaba por globalizar o produto e aumentar o acesso. Por outro lado, a expansão da produção sempre demanda cuidados extras na manutenção do sensorial das cervejas, mesmo mantendo a mesma receita. No frigir dos ovos – ou no final do copo, a aquisição da Achelse Kluis deve ser positiva aos consumidores distantes como nós. Quem sabe, após a ampliação da produção, os rótulos simples e elegantes da Achel apareçam por aqui na mesma frequência daqueles que ainda mantém o selo trapista. Vamos torcer. Santé!

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