A
cerveja Oud Bruin, assim como algumas outras categorias ancestrais belgas, essa também possui uma complexidade de aromas e sabores capaz de dar um nó no cérebro, ou melhor dizendo, no paladar de qualquer cervejeiro ou cervejeira.
Esse tipo de cerveja tem um caráter maltado que é acompanhado por boa variedade de notas frutadas, além de trazer a acidez do envelhecimento da maturação prolongada — lembrando bastante os vinhos nesse aspecto.
Por ser originário da região leste de Flandres, na Bélgica, e ter características similares a Brown Ale, o estilo também é conhecido como
Flanders Brown Ale. Mas as semelhanças da
cerveja Oud Bruin com outros tipos de cervejas não param por aí, apesar desse fato não evitar que elas proporcionem experiências únicas de degustação.
Mistura belga
O estilo surgiu por volta de 1600 nas mãos dos
cervejeiros da Liefman, tradicional cervejaria belga. Os rótulos eram produzidos como cervejas de guarda, e por isso acabaram sendo relacionadas com as
Flanders Red Ale, fabricadas na metade oeste de Flandres.
A diferença aqui é que as
Red passam pelo processo de envelhecimento em barricas de carvalho, já as
Oud Bruin permanecem em tanques de aço inoxidável à temperatura ambiente.
Outro ponto importante da produção de várias Oud Bruin é a presença de bactérias “selvagens”, como a
Lactobacillus. Esse tipo de agente de fermentação também é encontrado em cervejas do tipo
Lambic. Contudo, enquanto nas Lambics isso acontece de maneira espontânea — os tanques ficam expostos ao ar livre —, nas
Flanders Brown Ale a inserção é controlada.
Além disso, alguns rótulos de
Oud Bruin também sofrem
blend, ou seja, cervejas com tempo de maturação diferentes são misturadas para alcançar novos sabores, exatamente como ocorre para a produção das
Gueuze.
Por fim, uma receita de Oud Bruin pode servir como base para cervejas que levam adição de frutas. Se você lembrou das
Fruit Lambics, como as Kriek (que levam cereja) ou as Framboise (que recebem framboesa), mandou muito bem!
Equação sensorial complexa
Apesar desse empréstimo de aspectos produtivos e ingredientes de outros estilos belgas, as
Oud Bruin têm sim sua própria “personalidade”. O perfil maltado proporciona notas de caramelo, toffee, melaço e até chocolate, dependendo do quão torrados são os maltes selecionados.
Porém, na mesma proporção é perceptível a presença dos ésteres frutados, que vão remeter a ameixa, figo, uva passa e tâmaras, por exemplo. As leveduras e lúpulos entregam ainda toques suaves de condimentos para bagunçar ainda mais a experiência sensorial.
E não podemos esquecer da acidez acentuada que pode estar presente dependendo do período de envelhecimento e das bactérias utilizadas, dando aquelas nuances mais “animais” pra cerveja. Em contrapartida, o amargor é baixo, surgindo apenas para ajudar no equilíbrio desse vasto buquê de aromas e sabores.
No visual, podemos esperar cervejas de coloração marrom-avermelhado a marrom-escuro, geralmente com boa limpidez e espuma marfim ou marrom-claro de formação e retenção altas.
Beber uma
cerveja Oud Bruin pode ser uma experiência um pouco maluca (no bom sentido), mas que vale muito a pena ser vivenciada. A má notícia é que não é muito fácil encontrar rótulos do estilo no Brasil, sendo os mais clássicos
Petrus Rood Bruin,
Liefmans Oud Bruin,
Riva Vondel e
Ichtegems Oud Bruin.
Cheers!
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