Um caso à parte quando se fala em riqueza de malte, complexidade e sabores intensos. Tão encorpada que dá vontade de mastigar, álcool marcante como um licor e sabores que saem do biscoito, passando por passas, nozes, caramelo, até madeira defumada. Estamos falando da
cerveja Barleywine, a disneylândia da experiência sensorial.
Antes do senhor Michael Jackson nos agraciar com sua lista de estilos, essa cerveja já foi conhecida como
Big Ale, a “cervejona”, pois toda e qualquer cervejaria que a produzia sempre a teve como a menina dos olhos. Extremamente difícil de se produzir nos primórdios, gravidade inicial altíssima (acima dos 1.090), fervendo por dias, fermentando por meses, maturando por anos, não era à toa que só produziam uma vez por ano e com todo o cuidado possível.
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A primeira cerveja a ser nomeada como
Barleywine foi a Bass No. 1, em 1872. Nessa época, a cervejaria Bass Brewery nomeava suas cervejas com números, sendo que quanto maior o número, mais leve era a cerveja, pois nesse tempo, a mesma brassagem produzia diversas cervejas. O primeiro mosto a sair da brassagem era mais forte e conforme era feita a lavagem dos grãos, eram retirados os mostos cada vez mais leves. O termo Barleywine só veio à boca dos ingleses no século XIX, quando a corte começou a trocar as garrafas de cerveja de seus banquetes por vinho. Como uma jogada publicitária, as “cervejonas” passaram a serem chamadas de Vinho de Malte, dada sua complexidade, teor alcoólico e evolução no envelhecimento, as similaridades com o vinho eram claras.
Na aparência a Barleywine tende a ser de dourado intenso até um marrom bem escuro, espuma marfim, mas com pouca retenção, podendo nem mesmo ter carbonatação (como é o caso da célebre Thomas Hardy’s Ale). Aroma bem maltado passando por biscoito, toffee, caramelo, melaço. Pouquíssima presença de lúpulo, no geral mais terroso. Múltiplas camadas de malte especial tornam o paladar intenso e complexo, com uma sensação de boca licorosa e o aquecimento do álcool bem presente. Não é à toa que normalmente as Barleywine são vendidas em garrafas pequenas, já que sua degustação é como de um licor ou whisky, devendo ser apreciada um gole de cada vez.
Em todos os aspectos, desde a produção, passando pelo envelhecimento e até a degustação, o estilo Barleywine é a prova cervejeira do ditado popular: a pressa é inimiga da perfeição.
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