A
Bélgica é conhecida por ser um dos principais
polos cervejeiros do mundo. Com muitas opções de
cervejarias, atrações para os amantes de
cervejas especiais e claro, as clássicas
cervejarias de mosteiros trapistas, é garantia de encontrar cada vez mais bons lugares para tomar cerveja. Um deles é o
Cafe du Chera, um bar tradicional, pequeno e extremamente aconchegante direto na entrada de
Achouffe, conhecida pelas suas cervejas e claro, gnomos. Vamos juntos nessa viagem!
O caminho de Achouffe
Era uma sexta-feira noite adentro quando cruzamos a fronteira da França com a Bélgica rumo à vila encantada dos duendes belgas, também conhecida como
Achouffe, um pequeno vilarejo no município de Houffalize, no sul da Bélgica. O plano era chegar antes das 21h00 e aproveitar algum dos vários bares e restaurantes da cidade, mas o trânsito – não previsto, embora óbvio – de Paris atrasou tudo. E nesse vilarejo tudo fecha cedo.
Já era quase meia noite quando nos aproximamos de Achouffe. No caminho, nada aberto. A fome e a sede apertavam muito quando passamos em frente a um bar com cara de restaurante que ficava na estrada, já bem próximo da entrada da vila dos duendes. Seria nossa única chance de sucesso naquela noite. Havia um único carro no estacionamento e as luzes lá dentro estavam acesas. Apesar disso, a porta estava encostada. Bati duas vezes, abri e entrei.
O Café du Chera
Lá dentro, um clima bem descontraído com cara de interior. O ambiente era pequeno, mas bem acolhedor. Senti-me em uma casa com um bar dentro. Havia um grupo de jovens belgas dando risada alto, cada um com sua taça de cerveja e, a julgar pela animação, já estavam lá há algum tempo. Estavam sentados junto ao balcão do bar conversando com o casal de jovens senhores donos do estabelecimento. Assim que nos viu, o grupo entoou a famosa música da Oktoberfest e brindava sem parar. Animação que jamais imaginaria encontrar esse horário em um vilarejo belga. A senhora veio nos receber na porta com um belíssimo “Bem-vindos ao Cafe du Chera” e nos trouxe as opções de cerveja on tap: todas Brasserie dAchouffe. Começamos com uma La Chouffe e uma Bok 6666, sendo essa última uma “Bok” sazonal que cai muito bem nas noites frias e raramente se vê para comprar por aqui.
Assim que as cervejas chegaram, pedi pelo cardápio. A simpática senhora se desculpou, mas pelo horário só poderia oferecer a porção, segundo ela bem simples, de frios e embutidos. Como era nossa única opção, aceitamos com receio de passar a noite toda com fome. Enquanto esperávamos, aproveitei para saborear a Bok e apreciar a decoração do ambiente. Parecia mesmo a sala de uma casa: mesas de madeira amontoadas, uma cristaleira com louças e taças, várias fotos grudadas nas paredes e muita decoração cervejeira. As torneiras, claro, decoradas com os gnomos da Brasserie d’Achouffe. Cafe du Chera é mesmo um autêntico bar local, sem site e sem redes sociais, conhecido somente pelos moradores da vila.
Mais da Brasserie dAchouffe
A porção chegou e, surpresa: de simples não tinha nada. Quem me dera ter acesso fácil àqueles queijos e embutidos. Poderia jantar todos os dias assim! Para acompanhar o prato e harmonizar com a temperatura negativa que fazia lá fora, pedi uma Mc Chouffe – uma Belgian Dark Strong Ale ou apenas “Brune”, como os belgas classificam as cervejas escuras. Na sequência, finalizei com a N’Ice Chouffe, uma Winter Ale com 10% para manter a alma bem aquecida. Todas direto da torneira, e claro, da Brasserie dAchouffe.
A noite estava tão agradável que nem vimos as horas passarem. Lembrei-me de ir embora quando um dos belgas se debruçou na mesa, dando sinais que a noite estava chegando ao fim e o dono encostou uma cadeira na porta de entrada. Pagamos a conta e seguimos para La Vieille Forge, uma pousada inteira decorada com temas de cervejarias e anexa à Inter-Pol, a menor cervejaria oficial da Bélgica, com capacidade de produção de 100 litros. Mas essa já é outra história. Santé!>