A incrível República Tcheca

A República Tcheca possui grande importância para o mundo cervejeiro, principalmente quando registramos a revolução que aconteceu na cidade de Plzn em 1842, quando Josef Groll apresentou ao mundo sua obra prima que hoje conhecemos como Pilsner. Hoje tomei a liberdade de não falar de um roteiro específico, mas simplesmente apresentarei a você uma introdução ao universo cervejeiro desse país que me encantou recentemente.

Se você nunca provou uma Bohemian/Czech Pilsner (sempre recomendo a obrigatoriedade de conhecer a Urquell, como a filha legítima da cidade de Plzn), provavelmente associa o estilo às cervejas de massa consumidas em nosso país. Foi uma associação que fez por muito tempo, e hoje o estilo é um dos meus preferidos. O universo cervejeiro tcheco, a princípio, não é tão variado quanto o da sua vizinha Alemanha, também não possui a criatividade belga. Mas garanto que um roteiro cervejeiro pelo país está longe de ser monótono. Se você precisar definir o cenário cervejeiro daquele país em uma palavra, a escolhida será “Tradição”. 

O cidadão tcheco está orgulhoso de sua cerveja, eu adorei conversar com os motoristas de aplicativo sobre as cervejarias do país. Ao sentar-se em um restaurante ou café, não espere por um menu com inúmeras opções de cerveja, mas por duas ou três opções: uma Lager clara, uma escura e às vezes uma opção sem álcool. E, geralmente, todas as ótimas opções. Por falar em cafés, boa parte deles possui um Biergarten ao fundo, o que é impressionante em meio à selva de pedra que é Praga. 

O que pode causar confusão nos turistas, é que quando você encontra um local com uma variedade maior de cervejas locais, você encontra ao invés de nomes, números (10º, 11º, 12º, 13º) diminuindo a densidade inicial. Se recorrer ao nosso amigo Untappd , tudo será “Czech Lager”, variando progressivamente o teor alcóolico. Na dúvida, se quiser uma cerveja padrão Urquell, opte pela 12º. 

Você até encontrará locais onde vender cervejas “diferentes”, como Ales e Sours, mas não é tarefa fácil. Inclusive em um restaurante/hotel/brewpub pedi uma IPA da casa para ver como seria uma IPA tcheca, e o espera gentilmente me alertou ao menos cinco vezes “É uma Ale, ok?” e ao trazer para mesa confirmou uma última vez “Senhor, apenas confirmando se o senhor entendeu que é uma Ale.” Por falar em hotel cervejeiro, estes existem em grande quantidade por lá. Já combinei com minha esposa que em breve aventura outra viagem ao país e ficaremos hospedados apenas em hotéis cervejeiros, ou em cervejarias com hotéis. 

Você também terá grande dificuldade em encontrar cervejas de massa. Nas minhas visitas lembro de ver um restaurante com opção de Stella e outro com Heineken, nada mais. Basta pensar que as cervejas “mainstream” deles são a Urquell, a Staropramen e a Kozel (uma Dark Lager que me dá muitas saudades). 

Prepare-se para NÃO beber pouco. O copo padrão da grande maioria das cervejas é a caneca de 500 ml. Alguns estabelecimentos até oferecem canecas de 300 ml, mas eles sempre informam ironicamente que são reservados “às vovozinhas”. Para fugir da alcunha, caso queira beber menos, uma saída é pedir um serviço diferente, como o “Mlíko” (caneca apenas com espuma), ou o “Hladinka” (praticamente metade cerveja e metade espuma). 

Conhecer a República Tcheca e suas cervejas vai muito além de sua capital. Vale muito à pena fugir um pouco para o interior, conhecer as plantações de lúpulo Saaz em Zatec (que possui um festival do lúpulo que é interessantíssimo), conhecer as últimas maltarias do mundo que ainda fazem malte no chão, conhecer uma cervejaria estatal, tomar um banho imerso em cerveja em um SPA e conhecer os quilômetros infindáveis de túneis subterrâneos na cidade de Plzn e muito mais. Esse foi apenas um pequeno resumo do que tentarei mostrar para vocês nas próximas edições. 

Na zdraví!